Saga dos Pergaminhos - Capítulo 9

Tenha uma boa leitura!

???: Booooouaaa noitêê! - Um homem exclamou ao aparecer na frente de Neth, Jolyeta e Mareep.

Os três estavam exaustos de carregar os Tyrogue que haviam resgatado e de tanto correr pela floresta para encontrar a Vila de Azalea.

Neth: Ahm... Boa noite... Onde fica o Centro Pokémon daqui?

???: Ô meu jovi, fica beeeeim ali!

Um Centro Pokemon ficou visível ao longo daquela rua, depois de várias casas pintadas de marrom parecidas com as árvores ao redor. Era praticamente a última casa da rua: Um grande salão com o símbolo de Centro Pokémon, sua decoração externa eram várias raízes em volta da construção com flores vermelhas saindo de algumas delas.
Jolyeta foi na frente, sendo seguida por Mareep e só depois por Neth também. Um atrás do outro, como uma fila.

Mulher: Bem-vindos!

Criança: Bem-vindos!

— Beeeee! - Um enxame de Beedrill's os cumprimentou.

Conforme passavam pelas pessoas e pokémon na calçada, o trio era sempre cumprimentado e não existia um único ser ali que não fizesse tal coisa.

Jolyeta: Foi só eu que percebi ou eles são muito estranhos?

— Riiiip....! - O ovelha concordou com a cabeça.

Neth: Eles só são educados, tu que é estranha.

Não demorou muito para que eles entrassem no hospital pokémon e, diferente dos outros, as portas não eram automáticas. Um Chatot com asa enfaixada voou em volta da cabeça deles enquanto repetia "Enfermos!" várias e várias vezes.

Enfermeira Joy: Se acalme, Chatot. - Disse sorrindo.

A mulher estala os dedos e uma raiz com uma flor na ponta desce do teto, a flor para na frente do rosto do pássaro e então espirra pólen, que acalma o pokémon pássaro e o faz pousar em um velho sofá.
Jolyeta olha para Neth em pura confusão, mas o menino estava maravilhado com aquela bela flor vermelha.

Enfermeira Joy: Me desculpem por ele, Chatot está em tratamento. - Ela coça os olhos de cor vermelha com as mãos. — Sejam bem-vindos, visitantes. Eu sou Joyline, enfermeira de Azalea, posso avaliar esses Tyrogue?

Jolyeta: Ahm... Pode?

Neth: Pode sim, toma.

Os três Tyrogue foram entregues e levados para a parte interna do Centro Pokémon junto com o Chatot adormecido, todos em cima de uma maca. Joyline voltou minutos depois com uma Comfey em volta de seu pescoço.

Joyline: Vocês podem dormir aqui se quiserem. - Ela estica a mão que continha duas chaves de quarto. — Pacientes tem hospedagem gratuita.

Neth pega a chave em um piscar de olhos e agradece com os olhos brilhantes.

Jolyeta: Aiai... Depois eu sou estranha. - Ela pega a chave restante. — Obrigada, Joyline.

As duas Joy's trocam olhares semicerrados antes de cada um ir para seu lado, os dois treinadores para o segundo andar procurar seus quartos e a enfermeira para a área interna, onde ficavam os enfermos.

Jolyeta: Você também não acha estranho todas essas flores espalhadas pela cidade, Totodile? - A menina falava com sua pokémon, as duas sentadas em cima da cama.

— Daile...? - A jacaré-azul fez uma cara confusa e olhou para um cipó que continha uma flor vermelha na ponta.

Totodile deu um salto da cama e abocanhou a flor, cuspindo-a no chão e pisoteando suas pétalas. Ao fim de tudo, cruzou os braços e fez cara de braveza, tirando risos de sua treinadora.

Jolyeta: É bom saber que não sou a única que desconfia de tudo... Agora vamos dormir, Neth e eu vamos saber sobre os Tyrogue amanhã.

— Totototodile! - Ela coloca uma touca de lã cinza e pula no colo de Jolyeta, se aconchegando para dormir.

Foram necessários poucos minutos para que as duas caíssem no sono, coisa que Neth e Mareep já tinham feito há mais tempo.

O sol clareou toda a cidade com a luz alaranjada da manhã e os Hoothoot já reclamavam da claridade em seus olhos com vários piados raivosos, o que servia de despertador para os trabalhadores da cidade. Jolyeta se levantou com Totodile dormindo em seu cabelo rosado e, por pena de acorda-la, apenas a retornou para a pokébola. A menina se levantou e depois de se arrumar foi direto ao quarto em que Neth estava hospedado.

Jolyeta: Neth, acorda! - Gritava enquanto batia na porta, até perceber que não tinha mais ninguém lá dentro.

Neth: Booooouuum día, Jolyeta! - A voz dele saiu atrás dela, a alegria era totalmente notável.

Joly gritou e pulou por puro susto, se virando para estapear o peito do garoto em uma forma de expressar sua raiva.

Jolyeta: Não me assuste desse jeito! Estou te chamando para irmos conferir os Tyrogue, qual o seu problema?! - Dizia como se sussurrasse algum segredo.

Neth: Pra quê se preocupaR? Eles estão com a Enfermeira Joy! - Um sorriso bobo não saia de seu rosto. — Vamos aproveitaR a beleza da vida!

Jolyeta: Não confio na Joyline, se você não vem então eu vou sozinha.

A menina desceu as escadas rapidamente e voltou para o hall do Centro Pokémon, foram necessários alguns passos pra chegar ao balcão da recepção.

Jolyeta: Eu quero ver meus Tyrogue. - Disse, curta e grossa.

Enfermeira Joyline: Bom dia, Jolyeta, seus Tyrogue estão doentes e não podem receber visitas. - E sorriu ao fim da frase.

Jolyeta ficou encarando os olhos vermelhos de Joyline, aquilo não era normal em uma pessoa da família Joy, todas tinham característicos olhos cor-de-rosa.

Jolyeta: Eu sei que você tem alguma coisa de estranha e vou descobrir o que é.

A garota deu meia-volta e saiu do Centro Pokémon, ouvindo um "Volte sempre!" logo depois e se segurou para não voltar lá e fazer alguma coisa com a cara de Joyline.
Sem esperar Neth, Joly andou pela cidade na procura de algum templo, todas as cidades de Johto continham antigos templos graças aos monges fundadores da região e com toda certeza lá ela encontraria alguma resposta. Por onde passava ouvia vários "Bom dia!" de todas as pessoas e pokémon (estes que falavam em sua língua, mas era clara a intenção).
Se enfiando em um beco cheio de grama alta, Jolyeta conseguiu localizar o que estava procurando, um grande templo feito de madeira com algumas estátuas de Bellossom nos dois lados da porta principal.

Jolyeta: Finalmente, eu não... Aguentava mais. - Agradeceu em meio à arfadas de cansaço.

Alguns Zubat abriram voo quando a porta se abriu e Rattata's correram por entre as pernas da menina que, por estar acostumada com pokémon, não se assustou.

Jolyeta: Alguém? Monge de Azalea? - Falou, mas a única coisa que ouviu de resposta foram seus próprios ecos.

O hall era uma enorme floresta de raízes que se cruzavam aqui e ali e seguiam caminhos diferentes, sendo impossível avistar qualquer coisa ali dentro a não ser um caminho iluminado até uma sala de canto. Jolyeta suspirou ar frio e afagou os próprios braços para se esquentar.

Jolyeta: Essas raízes... - Murmurou enquanto caminhava até a sala iluminada, passando por um corredor entre todas aquelas raízes.

A sala iluminada era similar à uma pequeníssima biblioteca, em todas as suas quatro paredes existia uma prateleira de tamanho necessário para que nem uma única cor da parede fosse mostrada, todas lotadas de livros e papéis tão apertados uns nos outros que alguns quase estavam sendo expelidos para fora. No meio de tudo havia uma mesa de madeira velha com um livro de capa de pano e páginas amareladas em cima dela.
(Não ta do jeito descrito, mas só pra ter uma ideia)

Jolyeta: Ta bem... É mais antigo do que eu esperava. - Ela vira para a primeira página e vê rascunhos de um Bulbasaur com várias raízes saindo de seu bulbo.

Nas páginas seguintes haviam vários outros rascunhos de pokémon do tipo planta conforme sua numeração na pokedex e todos tinham raízes saindo de alguma parte do corpo ou até mesmo complementando ele como fortes armaduras.
Em outras páginas, haviam desenhos de flores parecidas com as que estavam espalhadas pela cidade. Um desenho em específico mostrava a flor expelindo esporos, ao lado uma descrição "Pó da Loucura".

Jolyeta: Eu sabia que isso não era normal! - Exclamou, se sentia vitoriosa com aquilo.

???: Sabe, no começo era engraçado ver você e o menino Blukleaf nos interrompendo a todo momento, mas agora começou a irritar. - Uma voz familiar veio de trás.

Jolyeta pulou de susto e se virou, bem na sua frente estava Monge Gabriel. O mesmo monge que tinha roubado a Flauta Dourada dias atrás.

Monge Gabriel: Vamos acabar com isso, Oranguru!

A mão do monge entrou na manga esquerda do kimono e retirou uma pokébola, mas não teve tempo de lançar já que uma Totodile pulou e mordeu seu braço.

Jolyeta: Obrigada, Totodile!

— Tutututu! - Respondeu de boca cheia.

Monge Gabriel: ESTOU LUTANDO POR SUA LIBERDADE, POKÉMON ALIENADO! - Gritou enquanto chacoalhava o braço até finalmente se soltar do pokémon.

Assim que Totodile caiu no chão, um grande orangotango foi libertado em cima dele, um Oranguru!

Jolyeta: Totodile, se mantenha firme, por favor! - Pediu enquanto tateava a mesa atrás de si para tentar achar algo na intenção se defender. — Vocês não querem libertar os pokémon, apenas querem destruir o vínculo que foi criado entre nós há séculos!

Monge Gabriel: Você não sabe nada, garota. - Ele esticou o cinto e de lá retirou uma espada. — Chega de estragar a Missão Sagrada.

A espada foi erguida ao ar e Jolyeta arregalou os olhos. No chão, Totodile assistia o monge se aproximando para conseguir ter a chance de acertar a garota com a espada.

— TOTOOOOOODAAAAAAA!

Após o grito de raiva e desespero, uma enxurrada de água passou a sair da boca do jacaré e a cobrir seu corpo, formulando um poderoso Aqua Jet.

Monge Gabriel: O que é isso...?!

O corpo de Totodile acumula toda a água do Aqua Jet e a expele numa explosão, lançando Oranguru para um amontoado de cipós presentes fora da sala. Em seguida, a jacaré se lança contra o braço do monge novamente, sua boca emitia faíscas negras e a partir dela seu corpo começou a brilhar.

Jolyeta: Aprendeu Crunch e... Ta... Ta evoluindo! - Quase gritou, impressionada.

Monge Gabriel: Me ajuda! Ela vai destruir meu braço! - A essa altura, o homem já estava ajoelhado.

Conforme o corpo do jacaré crescia e engordava ainda coberto por brilho, as veias no braço do monge escureciam até ele finalmente ser solto pela poderosa mandíbula pokémon. O brilho se dissipou numa onda de vento e revelou um Croconaw.

— CROOOOOCONAAAW! - Rugiu.

Monge Gabriel: Me-Meu braço! - Ele choramingava enquanto apertava o próprio braço. Os dedos do velho começaram a ficar roxos, a cor foi cobrindo todo o membro até parar no cotovelo. — GWAAAAAAAAAH!

Passos fortes tremeram toda a estrutura e Oranguru apareceu correndo até seu dono, preocupado. O pokémon usou de seu leque de folhas para abanar o velho.

Jolyeta: Vocês tem culpa da cidade estar assim, né? - Exclamou, se lembrando de Neth estando hipnotizado de um dia pra outro repentinamente.

Monge Gabriel: A sociedade monge tentou de tudo, mas essa foi a única opção! - Sua voz saia mais alta do que o normal graças ao choro contínuo. — Aquelas flores estavam fazendo todos enlouquecerem e... Foi aí que usamos Bellsprout para controla-las. - Ele apontou com a cabeça para um pokémon que ficava próximo do teto no hall de entrada.

Jolyeta olhou para fora da sala e arregalou os olhos ao ver um Bellsprout no meio das várias raízes presentes no lugar, seus braços e pernas estavam ligados nelas.

Jolyeta: Vocês... Escravizaram um pokémon?

Monge Gabriel: Bellsprout era nosso companheiro, ele se sacrificou por nosso bem-estar. Começou a controlar os esporos das flores, passando sentimentos felizes ao invés de... Enlouquecedores.

Jolyeta: E por que não botaram fogo em tudo? Pra que fazer Bellsprout passar por isso? - O punho da garota estava fechado em puro desgosto daquelas atitudes e seu olhar ajudava a transmitir isso.

Monge Gabriel: Fogo? N-Não podemos queimar essas flores! Elas podem ajudar muito a sociedade! - Exclamou, ainda sentado no chão. — Como estão fazendo agora! Azalea agora é uma cidade feliz, o que há de errado nisso?

Jolyeta: Felicidade feita por movimentos pokémon não é felicidade, é manipulação. - E então pegou um livro de uma estante, o jogando para cima.

O objeto bateu na lâmpada da pequena sala e a quebrou, fazendo com que várias faíscas saltassem para diversas direções. Não demorou nada para o livro passar a liberar fumaça e em seguida revelar uma chama.

Monge Gabriel: Oranguru, nos tire daqui!

— Guuuru!

O orangotango pegou o monge no colo e correu pelo corredor de raízes, saindo do templo. O livro em chamas caiu em uma prateleira que, de tão velha, não tardou a se inteirar de fogo também, iniciando um incêndio.

— Crocoooonaw! - O pokémon pegou na mão da treinadora e a puxou para fora da sala, tirando-a do caminho de vários objetos que caiam queimando das prateleiras.

Jolyeta: Vamos sair também!

Os dois passaram correndo lado a lado no corredor de raízes, este que já começava a pegar fogo. E então saíram, mas permaneceram na frente do templo assistindo ele cair aos pedaços.
Enquanto isso, no Centro Pokémon, Neth cantarolava para a flor em seu quarto até que, de repente, a viu escureceu e cair murcha no chão. O treinador paralisou olhando para a planta com cara de dúvida.

Neth: O que aconteceu, Joly...? - Perguntou, piscando os olhos várias vezes como se tivesse saído de um transe. — Jolyeta? - Ele se virou, procurando pela amiga.

Casos iguais começaram a acontecer instantaneamente, as flores do hall de entrada do Centro Pokémon murcharam e caíram, assim como flores decorativas que estavam espalhadas por toda cidade.
Entre as várias cinzas que caiam do céu pelo incêndio que já engolia a torre do templo, um pedaço de jornal pousou bem na frente de Jolyeta.

"06/01/2016
NOVAS FLORES SERÃO PLANTADAS NA REGIÃO DE JOHTO!
uma empresa as trouxe de..."

Jolyeta: Nós... - Engoliu em seco enquanto lia o pedaço de papel. — Nós precisamos encontrar o Neth.

2 comentários:

  1. Ui bem vindos à cidade da maconha, to dentro, vou fazer as malas! Seria uma pena se... queimassem tudo :(
    Mais uma vez devo dizer que estou adorando a sua versão de Johto, os templos espalhados combinam imenso com a região em si.
    Também adorei Jolyeta protagonista, desde o começo com os olhares com a Joy de olhos vermelhos (vampira de certeza) o Chatot gritando "enfermos" dava para suspeitar que algo não estava bem, mas confesso que eu seria o Neth nessa situação e deixaria para lá, maconha >>>> segurança <3
    Porem espero que os Tyrogue estejam bem =/
    Gostei de como descreveu o confronto e a forma como a Totodile evoluiu.
    O Monge Gabriel ás vezes nem parece uma pessoa ruim, mas quando ele diz que sacrificou um Bellsprout fiquei horrorizada. Amo a reação da Jolyeta, não é como se o companheiro dela tivesse tentado sacrificar algo antes... oh wait xD
    E esse final? A empresa trouxe de onde? Da fazenda do Neth? I need to know!!!
    Adorei o capítulo, vou continuar.

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    1. Exato! Quem liga se a Joy tem olhos vermelhos ou se todos são muito felizes? O importante é estar feliz com as flores bonitinhas ué
      Também não acho que sejam ruins, mas sim pontos de vista, se eles fizessem isso de maneira melhor não teriam que sacrificar o pobre Bellsprout :(
      Eu to amando ler as suas teorias pq tem umas que eu fico pensando se vazei sem querer e deixei você descobrir KKKK

      Obrigado pelo comentário!

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